quarta-feira, 16 de março de 2011

Scott Parazynski - lições de vida


Quando a Embaixada dos Estados Unidos nos dirigiu o convite para estarmos presentes na sessão «À conversa com o astronauta Scott Parazynski», eu apenas supus que se tratava de mais uma palestra e mais uma visita de estudo.
Ao entrarmos no auditório do Pavilhão do Conhecimento, constatei que o astronauta era muito mais jovem do que eu estava à espera. E com as suas primeiras palavras, percebi que a sessão iria ser muito mais enriquecedora do que eu julgava a priori. A voz é pausada, suficientemente perceptível, num inglês cuidado e bem articulado. A presença de Scott é magnética, carismática. A simpatia, a humildade, o sentido de humor completamente desarmantes.
A sessão foi acompanhada pela projecção de fotos da sua vida. E contou-nos como tudo tinha começado num sonho de um rapazinho que ousou querer ser astronauta. Explicou-nos pormenorizadamente as suas missões no espaço, relatou-nos pormenores sobre a vida a bordo, sobre as emoções, sobre o ver a terra do espaço.
Em seguida, descreveu-nos a sua subida à montanha mais alta do Evereste. Scott foi o primeiro astronauta a fazê-lo. Descreveu-nos as condições terríveis, os perigos, a absoluta necessidade do outro. Confidenciou-nos que é mais perigosa e assustadora uma subida à montanha mais alta do mundo, do que estar em missão no espaço. Falou-nos do valor, da importância sem preço da equipa. E referiu-se simultaneamnete à sua equipa no espaço, composta pelos mais reconhecidos astronautas do mundo, e à equipa que o acompanhou na façanha do Evereste, constituída quer por montanhistas, quer pelos simples carregadores. Revelou que continua a sonhar, desta feita como médico, porque está envolvido em importantes pesquisas sobre o cancro e a forma de curar doenças.
De súbito, fiquei absorvida e encantada com o magnetismo deste homem. Como pode alguém tão importante ser tão terra-à-terra e tão humilde? Estive perante um homem que já esteve onde poucos humanos estiveram, que é simpático, nada arrogante, que nos conta dos seus sonhos como quem relata uma qualquer história que lhe aconteceu. Uma profunda admiração cresceu dentro do meu peito. É nestes momentos da vida que me sinto minúscula, que me sinto esmagada pela cultura, pela sabedoria de alguém. Lições de vida. E esta sensação faz-me sentir a necessidade de me ultrapassar, de conhecer mais, de me tornar melhor. De vez em quando, muito menos do que eu gostaria, sinto que alguém abala profundamente a minha vida rotineira, e me faz desejar mais. Porque há muitos homens, há alguns homens que sonham e há aqueles que sonham com o (im)possível, concretizam os seus desejos e continuam a ser audazes o suficiente para continuar a fazê-lo, uma, duas, muitas vezes. Porque nada é impossível e porque, realmente, o sonho comanda a vida. E se Scott Parazynski conseguiu, é porque não cruzou os braços e ficou sentado à espera que a vida acontecesse.