Consensual. Único. Humilde. O rei. Estas são algumas
palavras que definem o homem e o mito, cujo nome atravessou gerações, não só
pelos feitos futebolísticos, mas pela forma como esteve presente toda a vida no
seu clube do coração e na Seleção Nacional. Um verdadeiro embaixador do
futebol, do fair-play e de Portugal. E o
rei faleceu precisamente um mês depois de Nelson Mandela e foi sepultado em dia
de Reis.
Juntamente com Amália, é reconhecido mundialmente como um
dos ícones de Portugal. A sua vida foi marcada pela pobreza do bairro da
Mafalala, depois pelo reconhecimento alcançado como jogador do Benfica e da
Seleção das Quinas. Vieram depois as lesões, as múltiplas lesões, a abnegação,
o ultrapassar da dor ao serviço do seu clube. O afastamento e o esquecimento.
Eusébio, depois do Benfica, jogou num clube da segunda divisão, jogou no Canadá
e nos Estados Unidos. Esteve afastado do mundo do futebol português, até
alguém ter feito ressurgir, qual Fénix
renascida, a figura do mítico jogador para o primeiro plano. Apesar dessa fase
negra, Eusébio foi ainda acarinhado e reconhecido até ao fim da sua vida, o que
não é comum em Portugal.
Os reis não morrem nunca. Portugal soube reconhecer o seu rei.
As múltiplas homenagens espontâneas prestadas no cortejo fúnebre, junto à
estátua, a cobertura dada internacionalmente, são provas inequívocas do
carinho, do valor que cada português dava ao seu ídolo. E é bonito de ver esta
espontaneidade, esta convergência de afetos em relação a Eusébio.
Depois também há o espaço para a polémica. As declarações
oportunistas e inoportunas. A questão dos custos da transladação para o Panteão
Nacional. O aproveitamento político e
social da morte de um homem.
Mas tudo isto será esquecido um dia. A glória, o
carisma, a força deste homem são imortais. Há pessoas que nunca serão
esquecidas, por mais que passem os anos. O tamanho que têm é incomensurável. Fazem
parte da história, são um bocadinho de nós, e por isso jamais
desaparecerão. Até sempre, Eusébio.