quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Desejos para o novo ano

Mais um ano que passa, deixando para trás, apesar de tudo, a memória de coisas boas e o fel das coisas más. Mais um ano de crescimento, mais um ano de projecto adiados... Foi um ano bom, este. Adorei as nossas férias de verão, fortaleci algumas amizades embrionárias, vi a minha filha tornar-se uma menina, em vez da bebé cor-de-rosa e rechonchuda. Aprendi coisas novas, mas há ainda tanto que fazer... pode ser que este seja o ano da verdadeira mudança, ou, pelo menos, do limar de arestas, do polir cantos e recantos da vivência quotidiana.
Ano novo, vida nova... se é atribuído ao número um uma simbologia de iniciação, eu vejo neste novo ano que está prestes a emergir uma nova oportunidade para melhorar, para aproveitar cada momento, para ser mais feliz. Por isso, vou traçar aqui alguns objectivos que pretendo atingir nestes 365 dias que se aproximam:

- recuperar o peso anterior à gravidez;
- aproveitar melhor o meu tempo, controlando mais o que gasto em frente ao computador;
- continuar a bloggar;
- investir numa alimentação mais cuidada e equilibrada;
- fazer exercício físico;
- experimentar as vantagens da depilação definitiva;
- cuidar mais e melhor de mim;
- ir ao teatro mais frequentemente;
- fazer um total makeover no meu quarto;
- investir mais nas amizades profundas que tenho, que, em virtude do bulício do dia-a-dia, são muitas das vezes descuradas;
- apostar "no que ainda não foi feito";
- resolver questão pendente com a editora dos meus livros;
- conhecer mais uma capital europeia;
- ler mais;
- fazer escapadinhas românticas, pelo menos, de três em três meses (4 x no ano);
- ir a um spa;
- aprender uma língua nova (espanhol ou italiano);
- ter mais um filho;
- fazer madeixas louras no cabelo;
- combinar jantarada só de amigas no dia dos meus 40 anos e dançar toda a noite;
20 desejos, 20 projectos a que me vou entregar de "alma e coração" no próximo ano.
Daqui a 12 meses, espero estar a redigir um post em que os tenha cumprido a todos...

domingo, 4 de julho de 2010

Loucura

Se tu soubesses

Que a sombra do que eu sou

tem mergulhada o sonho e a ilusão;

Se tu visses o meu coração

ferido, cicatrizado, ensanguentado

pela tua insensatez e mentira;

Se tu conhecesses

a dor, o desalento, o desespero

que me deixaste em vez do amor;

Saberias que tudo o que fazes é pouco

para mitigar a sede de amor

e a fome de compreensão que tenho no peito.

Porque perceberias que nunca mais apagarei

A dor que deixaste, o frio intenso,

os sonhos inacabados e o silêncio,

a incompreensão, a dúvida, a mentira

a falsidade, a injustiça, a ira.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Para quem merece

Ontem, deambulava eu pelos blogues, como é habitual à hora de almoço, quando li uma frase num deles que resume aquilo em que eu acredito, mas, paradoxalmente, nunca faço. A frase era: «não tratemos como prioridade, quem nos trata como opção».

A frase passou todo o dia a matraquear na minha cabeça. Na minha vida tenho sido vezes demais a opção de muita gente, referindo-me a amizades, claro está. Pessoas de quem eu gosto bastante, que me tratam como segunda escolha ou opção, ou que se lembram de mim, em penúltima instância.

Com o amadurecimento, percebo que, cada vez menos, posso confiar nas pessoas com quem senti uma forte empatia inicial. E, se quando era adolescente, só firmava amizades com pessoas de quem tinha "gostado" da cara (costumava dizer que quando olhava para alguém sabia logo se gostava ou não), cada vez mais percebo que há pessoas com quem sentimos empatia e que se tornam valiosas amigas, há aquelas com quem a coisa funciona bem, durante uns tempos, e, por fim, há os que nos surpreendem e cuja amizade vai-se desenvolvendo com a descoberta de personalidades e de pontos de referência. Estes são os que acabam por ficar mais tempo nas nossas vidas.

Fico triste por perceber que hoje em dia é difícil fazer amigos. Cada um tem a sua vida e parece que as pessoas se esquecem do outro, que se recusam a partilhar, a conviver. Custa-me que não haja convites para estar junto. Se eu quero almoçar com amigos, convido-os para cá virem a casa, mas não há depois um retorno, nada. Hoje em dia há muito egoísmo e ingratidão. Já poucas pessoas fazem coisas pelos outros por amizade, por desinteresse. E parece-me que sou sempre eu a enganada, a desiludida, a que nunca aprende.

Ontem, aquela frase fez todo o sentido. E, pela primeira vez, recusei o irrecusável, fui firme e coloquei-me como a minha prioridade número um.

Tenho uma amiga recente com quem partilho muita coisa. Trabalhamos juntas e somos amigas há cerca de dois anos e meio. Ela sabe imensa coisa sobre mim, inclusivamente, segredos incontáveis. Nunca fomos a casa uma da outra e a nossa amizade subsiste pelo contacto diário e por telefonemas e inúmeras mensagens nas férias. A amiga teve bebé, um bocadinho antes de tempo. Precisamente num fim-de-semana em que eu cá não estava. Como não a pude visitar na maternidade, como tínhamos combinado (ela sabia que a minha escapadinha estava marcada há meses), fiquei de ir lá a casa. Que eu não sei onde fica. Entretanto, como o bebé dá noites más, a visita ficou adiada, «até ele ter um mês». Pois já tem. Quando tínhamos uma data aprazada, a amiga disse que teria de adiar, porque a empregada estava lá em casa nesse dia. A semana passada voltámos a combinar que seria esta quarta-feira. Telefonei-lhe na semana anterior, para ultimar pormenores. Ela não atendeu. Mandou mensagem a dizer que ligava na sexta. Não ligou, nem no fim-de-semana, nem na segunda. E ontem, minutos depois de ler a dita frase, mandou-me uma mensagem a perguntar se sempre ia visitá-la no dia seguinte. Fiquei furiosa: além de ser incapaz de cumprir o que prometeu, veio com uma desculpa que não tinha ligado, por que lhe dava mais jeito falar ao telefone só de manhã, por causa de o bebé poder acordar durante a sesta, ao ouvir a voz dela. (os sms não fazem barulho, pois não?).

Fiquei mesmo chateada. Não gosto que se comprometam comigo e que não cumpram. E começou a fazer-me parecer que a única interessada no encontro estava a ser eu. Mandei então um sms de resposta, dizendo que não estava a contar ir visitá-la. Que tinha essa vontade e essa intenção, mas que, perante a ausência de resposta da parte dela, até aquele momento, tinha pensado que ela já teria outros planos. Que combinaríamos outro dia, quando lhe fosse mais oportuno.

Então, desculpem lá, eu vou sair a correr do trabalho, calcorrear quilómetros, andar à procura em plena cidade de um sítio que eu nem conheço, só para ir a casa de quem parece que não me quer receber? Andei eu a fazer peditórios na escola, para comprarmos uma prendinha para a criança (a minha já está comprada há tanto tempo que daqui a pouco não vai servir...), ando eu a telefonar, a combinar, para ficar sem resposta durante uma semana? Vou eu abrir mão de uma tarde que posso aproveitar para adiantar trabalho, para isto?

Não obstante, fiquei cheia de remorsos. Eu gosto desta amiga. E não entendo porque é que as coisas me acontecem sempre a mim. Se não lhe apetece que eu lá vá, porque sugere uma visita? Se não está com vontade de ver ninguém, por que é que não diz? Eu própria a coloquei à vontade nesse sentido. Para que é isto? Este tipo de atitudes só me fazem ficar aborrecida e constatar que eu desperdiço muito do meu tempo com pessoas que não sabem dar valor. Eu não sou de guardar rancores, mas fiquei triste, pronto. Vai passar-me, vou lá ver o bebé e vou voltar a cair no mesmo erro, vezes e vezes, sem conta.

Mas hoje fiquei por aqui. Pelo menos hoje, eu só estou para quem merece!

Regresso

Praticamente um ano depois do meu último post, apeteceu-me regressar. Houve muita coisa que mudou, há, por esse motivo, muita coisa a alterar aqui. Apenas a vontade de escrever permanece.

Este blogue vai retomar a programação, dentro de momentos!